FIBROMIALGIA: Os desafios de uma doença invisível

 

A fibromialgia é uma das mais comuns síndromes dolorosas, é de causa desconhecida e provavelmente multifatorial, classicamente o paciente apresenta dores por todo o corpo, podendo inicialmente ser localizada e posteriormente se tornar difusa ao longo do tempo.

A fisiopatologia envolve o aumento da sensibilidade dolorosa em articulações, músculos, tendões, ligamentos e demais tecidos. Ocorre um distúrbio na percepção do estimulo doloroso, e diminuição de seu limiar, como resultado o paciente pode sentir dor após estímulos que normalmente não desencadeariam dor nas outras pessoas.

Os sintomas são diversos e incluem: fadiga, insônia, sono não reparador, tonturas, dormência e formigamentos, dificuldade de concentração e de memorização, palpitações, ansiedade, depressão, ganho de peso, dores de cabeça, dores nas articulações e sensação de rigidez matinal, transtornos da micção, constipação, síndrome do intestino irritável, dor lombar crônica, disfunção da temporomandibular, síndrome das pernas inquietas, hipersensibilidade a medicamentos e redução da capacidade de se exercitar.

A frequência, o grau e a localização da dor podem oscilar no curso da doença, inclusive com variações em um mesmo dia, os sintomas podem ser tão limitantes a ponto de deixar o paciente impossibilitado para realizar atividades simples do dia a  dia.

É um importante problema de saúde pública, visto que a queixa de dor aguda ou crônica é muito prevalente, acometendo aproximadamente 30% da população, principalmente mulheres (9 mulheres: 1 homem) na meia idade e perimenopausa, todavia pode acontecer também em homens e até em crianças e adolescentes. 

Habitualmente o paciente já enfrentou uma difícil trajetória até o diagnóstico, que em geral pode demorar anos para firmado. Esta jornada inclui diversas avaliações ambulatoriais e em Pronto Atendimento, extensa e dispendiosa investigação laboratorial sem resultado objetivo, tamanha a dificuldade dos médicos em identificar esta enfermidade. Além de outros obstáculos como a descrença na doença por parte de familiares e amigos.

O diagnóstico é essencialmente clínico feito através de história contada pelo paciente e exame físico, raramente requer exame complementares; estes ajudam apenas para descartar outras doenças que podem ter sintomas parecidos (como diabetes, doenças da tireoide, doenças musculares e neurológicas). Não existe exame laboratorial que isoladamente diagnostique essa doença.

O tratamento envolve medidas não medicamentosas, que incluem atividade física regular (obrigatória) respeitando os limites do paciente e com progressão gradual, controle e perda de peso, fisioterapia, suporte psicológico e emocional; e também tratamento medicamentoso que incluem: analgésicos, relaxantes musculares e medicações que modulam dor, principalmente antidepressivos e neuro-moduladores. Além disso, é fundamental melhorar a qualidade do sono e reduzir o estresse, em casos refratários pode-se associar tratamento alternativo (acupuntura, massagem, hidroterapia, Tai chi chuan, Yoga,  etc.).

O tratamento da fibromialgia é sempre individualizado e por ser uma doença crônica pode durar anos ou mesmo a vida toda, o objetivo é aliviar o sofrimento e melhorar a funcionalidade. 

Alguns pontos são fundamentais para o sucesso terapêutico:  apoio da família, do médico assistente, adesão ao tratamento, entendimento e enfrentamento da doença e mudança do estilo de vida. 

 

 

Autor: DR. DANIEL HUMBERTO CIMINO BERNARDO

DIRETOR CLÍNICO DO HERIBEIRÃO

CRM 141.157

RQE 39.006 (Clínica Médica)

RQE 50.980 (Reumatologia)

 

 

 

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