AIDS – o mais perigoso é não saber

Medo. Insegurança. Uma nova doença.  Número ascendente de casos e mortes. Muitas perguntas, com poucas respostas. Busca por opções de tratamento. Mudanças no comportamento e estilo de vida. E a vacina?

Estamos falando de COVID-19? Poderia ser. Mas este texto representa  a realidade da epidemia de AIDS nos primeiros anos da década de 1980.

A história do HIV tem cerca de 40 anos. Já sabemos muito. Qual o agente causador, como diagnosticar, como é transmitido, como tratar, como prevenir. Ainda assim temos uma epidemia sem data certa para acabar. Estima-se que são mais de 38 milhões de infectados  em todo o mundo, muitos sem sequer saberem que são portadores do vírus. Desde o início da epidemia já são mais de 32 milhões de vidas perdidas. Mas não podemos contabilizar somente as perdas.

Testes são amplamente disponíveis e confiáveis. Tratamentos eficazes e bem tolerados são distribuídos em todo o país e de forma gratuita, proporcionado aos infectados um controle da doença e melhora da qualidade de vida. Diversas estratégias de prevenção são disponíveis, ainda que em uma escala menor do que a necessária para o controle da disseminação do vírus. Preconceitos? Não deveriam existir, mas sim, eles ainda existem. A cura? Ainda um sonho para milhares, mas já alcançada em raros casos.

Ainda são muitos os desafios, mas o conhecimento adquirido com a epidemia do HIV proporcionou sucessos não somente aos portadores do vírus. O que aprendemos ao buscar por respostas em relação ao HIV deixou uma vasta herança. A experiência adquirida durante a luta contra a doença permitiu avanços importantes em outras áreas da medicina e nos auxiliam no combate a outras enfermidades, incluindo o que temos vivido com a COVID-19.

Primeiro de dezembro é o dia mundial do combate à AIDS. Temos o dever de comemorar. Devemos lembrar aqueles que lutaram contra uma doença (em tempos em que nem nome ela tinha), mas que não conseguiram resistir e então desfrutar das conquistas obtidas. E devemos celebrar todos aqueles (pacientes, profissionais de saúde, pesquisadores e cidadãos) que diariamente trilham o caminho de combate à doença e enfrentam todos os desafios que ela nos impõe.

 

Autor: Dra Renata Teodoro do Nascimento

Médica Infectologista do Hospital Estadual de Ribeirão Preto – CRM 102900

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